Pais e filhos: uma relação possível. Por: Elaine Vasconcelos
5Quando nasce uma criança nasce também uma mãe e um pai, já diz o ditado. Penso que seja exatamente isso que aconteça. Somos seres humanos que nos tornamos pais ou mães e temos a possibilidade de escolher que tipo de pais seremos. Podemos ser agressivos, passivos ou firmes e amáveis.
Pode ser que você esteja se perguntando nesse exato momento que tipo de pai é ou até mesmo tentando se encaixar em algum dos tipos mencionados acima. O fato é que isso não é tão simples assim, pois além da intencionalidade de nossas ações tem sempre a reciprocidade dos nossos filhos.
Vejamos um pouco das características de cada um deles. Os pais agressivos são aqueles que conseguem resultados baseados no medo e em ameaças. Por favor, não confundam, agressivos com aqueles que espancam os filhos. É possível sermos agressivos com palavras. São pais que em busca de conseguirem determinado comportamento dos filhos falam: “Se você não fizer isso…” e sabemos das infinitas possibilidades de completar essa frase. A consequência desse tipo de relação é que as crianças se tornam rebeldes e desafiadoras.
Já os pais passivos fazem concessões por um determinado tempo, porém explodem de repente, de tal modo que a situação toda perde o controle. Costumam se comportar de acordo com seu humor. Consequentemente, as crianças se tornam inseguras, sem percepção clara de seus próprios limites, tampouco os de seus pais.
E os pais firmes e amáveis?
Eles costumam olhar para seus filhos e dar as ordens com clareza, e mesmo quando não são atendidos, não se exaltam. Eles respiram e repetem a ordem dada. Muitas vezes, é preciso investir tempo diante da situação, porém esse tempo investido, certamente será recompensado. Quando falo em investir tempo, não digo dar um grande sermão. Acreditem, eles são pouco eficazes. A firmeza e a doçura quando bem combinadas, são altamente eficazes. Na medida em que conseguimos dar uma ordem com clareza, sem insultos, ameaças ou gritos, o respeito é estabelecido na relação, o que se configura como uma grande lição, afinal, durante toda a nossa vida precisaremos lidar com limites, contudo, respeitando regras sociais.
Refletir sobre a função de ser pai e mãe é demasiadamente importante especialmente nos dias atuais, uma vez que as relações estão cada vez mais superficiais, instantâneas e virtuais. De modo geral, tentamos resolver as coisas através de um email ou whatsapp por exemplo, ou se alimentando em um fast-food.
Os pais precisam ser os mediadores do mundo para seus filhos, no entanto, é possível perceber que muitos têm se ausentado desse papel. Logo, a relação perde a qualidade que deveria ter e passa também a ser superficial, situação esta, muito danosa para uma criança, pois a forma de comunicação com nossos filhos irá determinar o vínculo que vai se estabelecendo entre ambos.
Quando fazemos algo pela primeira vez não somos ainda tão habilidosos. Por exemplo, quem nunca aprendeu a fazer algo novo? Lembram-se do dia em que aprenderam a dirigir? Foi tão fácil assim? Provavelmente o carro morreu, alguma marcha foi passada errada ou algo do tipo. E se a pessoa que estivesse te ensinando, gritasse com você e dissesse: “Meu Deus do céu!! Você não aprende mesmo!!” ou o clássico: “Quantas vezes vou ter que te falar? Já falei 10000 de vezes!” Ou ainda, começasse calmamente a explicar a você, como você deveria fazer…
Certamente não gostaríamos de ser tratados assim. Muito provavelmente gostaríamos de ser acolhidos e ajudados, e não criticados ou tratados como incapazes. Para que possamos compreender e acolher os sentimentos de nossos filhos, até mesmo os mais fortes, é fundamental escutá-los com sensibilidade, escutar além das palavras. Muitas vezes rompantes de raiva querem dizer: “Socorro! Estou com medo…preciso de colo”. Precisamos ajudar nossos filhos a compreender e nomear seus sentimentos e por fim administrá-los. As crianças que se sentem compreendidas e respeitadas tem sensação de autovalor. Como será que estamos tratando nossos filhos? Será que estamos conseguindo ouví-los com sensibilidade ou apenas avaliando-os a partir do que gostaríamos que fossem?
Elaine Vasconcelos é Psicopedagoga, Especialista em Reabilitação Cognitiva e Mestre em Psicologia da Educação.
Maravilhosa exposição deste tema tão discutido durante seculos. Eu como médico, tbém verifico um grande abismo entre pais e filhos nos dias de hoje, principalmente com o advento da informática onde o dialogo entre os familiares se torrnou quase inexistente. Pais não ouvem os filhos e filhos não ouvem os pais. Todos navegando alheios ao mundo que está ao seu redor. Parabéns, tbém concordo, FIRMEZA E AMOR NA DOSE CERTA PODE SER UMA BOA SOLUÇÃO. ABS
DR. MARIO OKAWARA
Meus filhos já são adultos mas até hoje continuam nos procurando, ainda bem pois me sinto realizada sabendo que eles confiam e sabem que tem nosso apoio ou não Nunca fui de passar a mao na cabeça qdo julgo que estão errados, não que meu ponto de vista seja o certo mas se pediu minha opinião eu dou agradando ou não. Muitas vezes me senti perdida mas não sei como consegui educar bem os dois, nunca tive orientação e acho ótimo hoje em dia haver profissionais para isto.
Parabéns pela matéria! Fantástico! A Elaine é uma super profissional, sou fã!
Parabéns Elaine!!
Uma matéria muito útil que ajuda a refletir!!!
Parabéns! Realmente, nossa relação com os filhos é tudo. E me perguntei mesmo em que tipo de mãe me enquadro melhor…talvez um mix de todas. ;(